iniciaremos hoje um novo conteúdo a partir deste livro. Nos restringiremos ao conteúdo das técnicas criativas expostas pelo autor. Abaixo, segue um texto introdutório sobre o livro.
Da introdução:
"Existem muitos trabalhos sobre as fases a montante da criação
publicitária: estudos diversos, estratégia, etc. Existem muitos outros sobre a
medida do impacto da criação, antes ou depois da difusão: pré-testes,
pós-testes, etc. Têm vindo a lume investigações sobre a análise da comunicação
publicitária e sobre os processos gerais de estímulo da imaginação. Mas,
sabe-se muito pouco sobre o processo criativo específico da publicidade. Entre
os estudos a montante e os estudos a jusante, estimulados pelas investigações
periféricas da criação, que fazemos? Esta obra ambiciona mostrar como pode ser
colmatado este vazio: como criar e realizar mensagens publicitárias nos
diversos meios de comunicação, revistas, televisão, cartazes, etc, a partir de estudos
e com base nos conhecimentos actuais sobre comunicação. Ela nasceu da
experiência do autor que, ao longo de uma dezena de anos, começou por assumir a
criação de campanhas para depois animar as equipas de criação em mercados
relacionados com produtos de consumo corrente (alimentos, bebidas, produtos de
higiene, equipamentos domésticos, quinquilharia, etc.). Durante estes anos, o
autor integrou na prática um certo número de técnicas e conceitos provenientes
de diversos horizontes.(...)"
Técnicas Criativas
1 - Aproximação
A técnica de Aproximação é a mais usual e menos criativa de todas as técnicas de criação. Ela é voltada usualmente em campanhas de varejo (mas não é regra, ok). A linguagem utilizada nessas campanhas é a mais previsível possível e geralmente tem preços de produtos, splash,
e utiliza-se de palavras chaves, como o clássico: "imperdível". A
grande característica dessa técnica é o seu apelo agressivo e pouco criativo. Fala-se do produto... e mostra o produto.
Para obter êxito com o uso dessa técnica, devem-se formular as seguintes questões:
• Trata-se realmente de um produto/serviço que está oferecendo vantagens
reais ao mercado, como preço baixo?
• O uso de uma linguagem usual,
comum e acessível
demais não pode "queimar" a imagem do produto/serviço no mercado?
• O uso dessa técnica para vender esse produto/serviço não gerará
frustrações
ao meu consumidor?
ao meu consumidor?
2 - Antítese (Conceito Oposto)
É uma técnica de ação delicada: diz-se ao consumidor o contrário do que este espera ver em publicidade. Surpreendido, o consumidor
examina melhor e recebe
o impacto da verdadeira mensagem. Como é evidente, a segunda mensagem deve
seguir de muito perto a primeira para que a comunicação seja completa. Chama-se
atenção, choca-se pelo impacto e, como conseqüência, transmite-se a mensagem com muita força. Tem o grande poder
de cativar a atenção e, quase simultaneamente
a comunicação do conceito. Pega o eventual consumidor desprevenido.
O conceito oposto consiste em dizer
sobre o produto ou a marca algo que, à primeira vista, parece ser publicidade
negativa, e que, examinando melhor, implica um conceito valorizador, tanto mais forte quanto foi introduzido pela
confissão masoquista de uma fraqueza aparente. O consumidor é assim: apanhado
ao contrário, surpreendido pela falta anunciada,
debruça-se sobre o anúncio em vez de recuar, ficando disponível à segunda mensagem.
Para se obter êxito com o uso dessa técnica,
deve-se formular as seguintes questões:
• Existe um elemento contrário forte, capaz de
valorizar essa satisfação?
• Esse elemento é realmente surpreendente?
• Esse elemento é realmente surpreendente?
• É um elemento inofensivo, isto é não corre-se
o risco de prejudicar a imagem da
marca?
• Este elemento contrário é rápido e de fácil
assimilação?
O risco do Conceito Oposto é que o segundo conceito, o conceito positivo que segue em contrapeso ao primeiro, não seja "pesado suficiente"
para encadear com a naturalidade e a
velocidade desejáveis. Neste caso, corre-se o risco do consumidor abandonar a mensagem à primeira
estância.
3 - Bi-secção
A técnica de
bi-secção consiste em exprimir a mensagem por intermédio de elementos
aparentemente diferentes que se tomam significantes quando são justapostos. Quanto mais Heteróclitos forem os elementos à partida,
mais forte será o símbolo
obtido. Cabe ao criativo achar a relação de sentido entre estes elementos, a
intersecção, o ponto comum da mensagem. E cabe ao consumidor se surpreender com a idéia, com o encontro
desses dois universos aparentemente não conectados.
Para se obter êxito com o uso dessa técnica,
deve-se formular as seguintes questões:
•
Quais
os diversos elementos implícitos na minha mensagem?
•
Existe
uma maneira de encontrar um ponto comum inesperado nestes universos?
• Este ponto comum exprimirá bem os elementos
da minha mensagem?
O risco da Bi-secção é a incompreensão do consumidor em não perceber a relação dos dois universos justapostos, e,
assim, o sentido da mensagem que se encontra nessa intersecção.
O exercício prático a seguir é fácil:
- Ache um anúncio que utilize cada uma das 3 técnicas dadas e poste (os 3 juntos)
- Depois, crie um anuncio completo para o produto Sonho de valsa em 3 versões: utilizando a técnica de aproximação, a técnica de Antítese (Conceito Oposto) e a Técnica de Bi-secção
Nenhum comentário:
Postar um comentário