O
autor do artigo Os Desafios Culturais da Propaganda na Modernidade, Dr. Rodrigo
Stéfani Correa, destrincha nas linhas, através de uma pesquisa exploratória,
como a propaganda tradicional brasileira – aquela que convence e controla as
atitudes de consumo dos consumidores na direção contrária às estratégias do
marketing - se transformou em um tipo de propaganda padronizada e esteticamente
universal. Existe uma linha tênue que o autor analisa entre a propaganda e o
marketing, dentro do mercado publicitário.
E a partir deste ínterim, o autor levanta um questionamento, que será o
ponto de partida para a análise do tema: qual é, de fato, o verdadeiro papel da
propaganda? Vender ou Informar/Persuadir?
Para
construir sua tese, o autor recorda que, nas propagandas militares, o uso de
imagens era excessivo e frequente. Logo, grandes nomes da cultura brasileira
passaram a expressar suas habilidades em criações dos anúncios publicitários,
através de desenhos, músicas e poesia. As propagandas brasileiras conseguiam
aproximar e entreter seus espectadores além da relação de interesses
comerciais. Estas características duraram um breve período de tempo. Com a
inserção das estratégias de marketing nos anúncios publicitários, as
propagandas já não tinham o mesmo discurso cultural que as aproximavam do
público e o cenário que antes era inundado por criações publicitárias
artísticas se tornou uma indústria de produção de anúncios, ignorando a
estética e proporcionando estratégias de gestão empresarial no lugar.
A criatividade perdeu cada
vez mais seu espaço no universo publicitário. Há 45 anos o discurso não tem sofrido alterações ou enriquecimento, por conseqüência de um mercado
capitalista que está constantemente buscando homogeneizar as formas e
expressões de anunciar um produto ou um serviço. Não mais o valor simbólico que
ele possui, mas as características que mais agradam o vendedor. Os interesses
do consumidor são esquecidos.
Houve um tempo que ser
redator publicitário devia ser uma delícia. Lá pelos anos 40 era possível um
redator escrever livremente, num delicioso exercício de imaginação.
Emendavam-se adjetivos como contas num colar. Fazer um texto de anúncio era
quase uma forma de fazer arte, sem os rígidos compromissos com coisas banais
como planejamento de marketing, posicionamento de produto e até mesmo (em
alguns casos) com a própria verdade. (LULA VIEIRA, 1999, p. 16).
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